quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Não mexas no que não é teu

Há pouco fui buscar o meu lanche da manhã ao frigorífico e reparei que ainda lá está uma embalagem com uns bolinhos pequeninos. Ainda porque essa embalagem já lá deve estar desde o princípio do ano, se não for mesmo desde finais do ano passado. Já pensei em colocá-la no lixo, mas depois fico naquela "quem a colocou aqui deve saber que ainda aqui anda". Ou será que não? Será que a pessoa que a colocou no frigorífico já não está cá? Ou está mas nunca mais foi ao frigorífico? E se está e sabe, será que ainda vai comer aquilo?

Isto fez-me lembrar uma outra situação. Há uns anos, nesta Instituição, quando assumi funções noutro cargo mudei para outro departamento. O meu chefe tinha um gabinete e mesmo ao lado tinha uma salinha de apoio onde guardávamos parte do arquivo e que também estava equipada com lava-louça, frigorífico e pequenos electrodomésticos. Chamávamos-lhe "salinha do café" porque era lá que preparávamos café.

Quando me mudei para lá verifiquei que no frigorífico da dita salinha havia produtos alimentares que já tinham passado do prazo há muito. Nas gavetas do lava-louça também havia utensílios com um ar digamos "nojento". Questionei a funcionária que se encarregava da limpeza sobre a presença de tais objectos e a resposta foi "isso é do Sr. Professor Tal e Coisa" (que foi um dos manda-chuva cá do sítio). Fiquei perplexa! É que o Sr. Professor Tal e Coisa já tinha morrido há mais de uma década! Só para terem uma noção, estávamos no ano de 1998 e a mostarda que estava no frigorífico tinha terminado o prazo em 1992! Na gaveta estava um avental de plástico, dobrado, que de não ser mexido há tanto tempo já estava todo colado e pegajoso, mas ninguém colocava estas coisas no lixo porque eram de alguém que tinha muito mau feitio, que tinha sido chefe, mas que até já tinha morrido! Mas será que ninguém tem bom-senso?

A sala também estava repleta de pratos e talheres que eram da cantina da Instituição. É que o Sr. Professor Tal e Coisa tinha por hábito pedir o almoço na cantina e comer na dita salinha. Depois a louça ficava por lá. E ninguém a tinha devolvido não fosse o defunto voltar do além e dar um sermão a quem lhe tocou nos pratos.

É óbvio que devolvi à cantina o que era da cantina e coloquei no lixo tudo o que estava estragado e ranhoso. Até ver o defunto ainda não me assombrou!

E por falar nisso, será que o dono dos bolinhos também se finou?

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